segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Sem mais.

Podia ter sido você. Mais do que isso talvez pudesse ter sido eu. Eu que sempre achei que a gente escolhesse o par pela cor que fazia vibrar o coração ou pelos percalços que causassem aos olhos. Podia ter sido então na primavera ou no calor escaldante do verão. É que eu nunca gostei de usar casaco e o frio daqui congelava além do que os ossos já puderam suportar. Então foi que eu achei que também isso desse para se escolher: aquele alí do canto moço. De barba rala, de camisa clara. Aquele moço, aquele que olha para o outro lado porque eu nunca tive preguiça de ensinar a direção. Mesmo que sequer eu saiba usar navegador ou contar estrelas ou pontos ou qualquer iluminação que possa significar endereço, seta ou caminho. Me perco todas as vezes que eu pego a esquerda quando lá atrás o mapa dizia direita. É que tem concerto não: a gente escreve com um lado e a gente sente é com o outro. Sina de dividir. Sina de sentir, demais. 

domingo, 12 de maio de 2013

Mãe é todo dia.

- É para quando tu virares uma.
Foi essa a resposta que eu recebi de uma senhorinha muito simpática quando eu, antecipadamente, a felicitei pelo dia de hoje e ela retribuiu dizendo, para ti também.
Impossível falar em dia das Mães sem que nos lembremos das nossas.
Eu e a minha tivemos nossas fases como deve ocorrer em todos os lares assombrados por essas mulheres modernas que muitas vezes trocaram o brincar no chão com os filhos pela matemática da vida que é trabalhar fora.
E não, não acho errado isso não. E realmente a gente percebe que o tempo é aquilo que só faz bem. Ele passa, vem e vai e nós, com um pouco de esforço e sorte, vamos nos moldando e crescendo e deixando aquelas birrinhas de lado e a chupeta pelo caminho. Cada dia, perdoo mais a minha mãe pelas vezes em que ela demorou a me buscar na escola, pelas vezes que me “incentivou” a escolher a minha própria roupa. Pelas vezes que deixou bem claro que o material da escola era minha tarefa lembrar e organizar. Pelas vezes que ela não deitou comigo na cama até eu pegar no sono contando historinhas... achamos que não, mas toda mãe é de muita carne e pouco osso. São esses tropeços que nos fazem fortes, que as vezes possibilitam que amadurecemos jovens e que nos ensinam que o não talvez seja a melhor forma de amor.
Não podemos as ter por perto a vida toda, então, que nossa gratidão e reconhecimento sejam sempre maiores que qualquer pontinha de remorso. Porque alguém já disse por aí que “toda relação é um presente”.
Um desde já feliz dia das Mães àquelas que já o são, e as que como eu um dia pretendem ser a extensão da sua própria.

sexta-feira, 26 de abril de 2013


Demorei para vir aqui e falar de vocês porque é isso o que acontece com aquelas pessoas pelas quais eu nutro bons sentimentos. Eu tropeço na frente de quem amo e, é assim. 

Dizer que o acaso nos reuniu, que dentre tanta gente no mundo eu encontrei vocês é lugar comum e ainda assim é muito de verdade. Somos um C, um P e um M, cheios em si e ainda assim passíveis de acolher umas às outras. 

E daquilo que podia ter servido só para uma conversa boba de bar, entre goles ou entre soluços, nasceu o que muito merece ser cultivado e que me orgulha todos os dias: nossa amizade.

Conviver com vocês, de forma intensa ou esporádica, faz sim, meus dias mais felizes. E nessas esquinas que cortam as nossas vidas, já são também meu porto seguro; quem entende com os olhos e fala com o coração. 

Dividi com vocês dias mágicos e ensolarados de um calor quase insuportável no peito porque assim são os dias felizes. A cada passinho que nossos pés deram mais eu tinha certeza de que estava no lugar certo com as pessoas certas. 

Vocês são incríveis, são lindas. São lindas de alma. Gente que dá a mão, o braço e bronca porque dividir é sempre somar.

Agradecer por fazerem parte de bons momentos é reconhecer que para ser feliz precisamos de nós e dos outros. Vocês são especiais e para sempre no lado esquerdo. 

Que sempre tenhamos bons momentos e boas histórias. Bom humor e muita sorte. Que o destino nos sorria e nos queira bem. Que possamos ser bem umas às outras e que outros capítulos venham.

Obrigada por tudo.
Com todo carinho do mundo,
Carol



domingo, 21 de abril de 2013

quinta-feira, 18 de abril de 2013


“ Você é mais bonita do que pensa.”
É um bom vídeo para todas nós. Quantas vezes nos auto boicotamos, não respeitamos as nossas vontades, não nos classificamos merecedoras de coisas boas?
Mulheres, especialmente, sofrem ataques diários à sua estima, à sua estirpe e às suas escolhas. Somos postas como objetos, noutro tempo como maquiavélicas, vez e outra como produtos e não raro como desinteresse. Que as coisas vão de mal a pior em um conjunto social ao qual eu sequer me atrevo a qualificar é sabido. Mas daí que nunca tinha parado para refletir o quanto de fato isso abala as nossas estruturas emocionais e psíquicas de tal forma a promover uma visão distorcida de nós mesmas, aparentemente mulheres que não se enquadram em padrões de desvios comportamentais e psíquicos.
Somos excessivamente duras conosco e temo que não seja um privilégio do nosso sexo. E aí talvez começa a maratona problemática das nossas relações. Não é de hoje que divago na hipótese da frustração dos envolvimentos na pauta de que as pessoas não buscam se relacionar umas com as outras, mas sim, alguém que alimente seus egos.
Certo ou errado, fato que sim há muito ego a ser alimentado por aí, já que a casa onde moram mostra-se completamente vazia.
Quantas vezes não nos apaixonamos pela ideia de o outro estar apaixonado por nós e o colocamos no pedestal da vez, sequer analisando se é digno do cargo de inquilino dos nossos corações?
Isso não implica que devemos olhar com olhos não tão bons as possibilidades, mas alimentar previamente nosso ego também não é uma ideia tão ruim.
Podemos nós mesmos tirarmos a falta de liquidez dos nossos olhos e percebermos que nossas rugas não são apenas marcas, são nosso físico indicando que bons momentos já foram passados.
E quando a pinta é vista como charme, a beleza nasce. E o amor próprio, ressurge. 

Homem de Fé.

Podia ser segunda, quinta ou domingo: levantava-se da cama, já com um pouco de dores nas costas devido àquela idade nem tão avançada, calçava os chinelos e depois do ritual matinal de higiene, ia para o cômodo mais lúdico da casa. 

Portava entre as mãos a fé mais indissolúvel que já presenciei e dentro de si todos os escritos do mundo. Cerrava os dentes e os olhos e mais um ponto de dedos que se cruzam: é pelas meninas.

Acho que deve ter sido sempre assim: de pouca fala e muita crença, sorri sempre mais fácil do que qualquer criança. 

Mas os olhos de sênior já demonstram que nem tudo cai do céu e deve ser por isso que a oração vai daqui para lá. 

E lá, envolto naquelas quatro paredes, que já abrigaram todos os sonhos e medos do mundo, todos os aromas doces e o deslizar do motorzinho da velha máquina de costura pesada e negra, ele se desfaz de todo o mal daquilo que chamam de gente.

E contraria previsões. E diz que vai dar certo. E diz para ficar tranquila. Diz que nos ama. E que está rezando por nós.E diz que tudo vai ficar bem. E diz que está bem. 

E sorri sempre mais fácil com os olhos. Que brilham mesmo que a idade avança. Mesmo que a descrença um dia apareça. 

É um homem de fé. Fé na ponta dos dedos: porque Deus é detalhe para poucos.

domingo, 14 de abril de 2013

Pensamento solto de domingo... by Maurício

Mulheres são como cervejas. Algumas são mais claras, outras mais escuras. Algumas suaves, outras mais fortes, mais marcantes. Mas, no fundo, são todas cervejas. Te seduzem, te embriagam, e te deixam mal no dia seguinte...

terça-feira, 9 de abril de 2013


Pierrot.

E ai? E ai parecia que não existiria um dia sem você aqui do lado. E eu nunca quis acreditar que um dia isso também fosse acontecer. 

Foi que a gente se achou aonde a maioria das pessoas se perde. Foi que a gente se quis sem ao menos olhar para o lado. 

Foi que a melodia correu leve, assim como os passos da dança que sincronizou do começo ao fim.

Foi tão assim que dava para sentir a brisa do verão em todas as noites que as janelas não cerraram. Nem medo do escuro e nem de eletricidade: eu não te jogaria daqui por nada.

E foram também as gargalhadas mais gostosas: embora eu nunca sentisse cócegas, todas as borboletas, aqui, dançam comigo.

Teve uns pingos de café que mancharam a tua camisa branca só por assim dizer que deixei a marca: escura e borrada como tudo aquilo que não se tem muita certeza.

E sentei de ser feliz no chão, sem dor e nem pudor caminhei de meias brancas: um pouco de ousadia é sempre sedução.

Um pingo no olho, uma piscadela para o garçom e um circo a nossa espera: que rufem os tambores, sempre tem espetáculo.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Da escravidão à liberdade

Paralelo à preparação para a morte e ressurreição de Cristo, acostumamo-nos com um novo Guia Espiritual. Teste de ferro para os católicos e, talvez mais do que isso, muito apropriado, rendemo-nos a uma nova era. Talvez tenhamos nos decepcionado com o posto não ter sido ocupado por um dos conterrâneos aptos a disputa, mas, particularmente, Francisco é uma boa figura.

Nesse espaço de quarentena, onde provamos a nós mesmos que nossa fé não é tão solúvel, recarregando de força e convicção esse pequeno alento diário, provamos que independe do posto, somos todos falíveis. E talvez melhor época para essas revelações não pudessem ocorrer: Páscoa é sinônimo de liberdade. 
Representa a passagem da linha tênue da escravidão para a ainda mais subjetiva liberdade. Em tempos de amarras emocionais, torna-se mais difícil sair do próprio casulo a transpor barreiras de puro aço.

E que sentido há em comemorarmos senão brindando à nossa própria capacidade de libertação?

Jesus Cristo nos mostrou ser possível e a bíblia nos ensinou. A recente renúncia ao Papado também renovou o sentido de Jesus dentro de cada um de nós, na sua força de soldado do bem e na bondade de amar o próximo como a si mesmo.

Todos temos pedras no sapato e uma cruz a segurar nessas longas trilhas que percorremos. Nos tornamos dignos não quando simplesmente sofremos em silêncio e nunca desistimos, mas sim, quando somos coragem necessária para admitir nossas falhas e encarar nossos defeitos a olho nu.

Quando se dissipa o medo e entendemos que possuímos a capacidade de nos revermos e sermos diferentes daquilo que até agora vínhamos criando e fazendo, ressuscita mais uma vez Jesus em cada um de nós. Francisco já mudou os sapatos e os adereços, nos mostrando, de uma maneira bem pontual que a ostentação não indica proximidade com o divino.

Quando entendemos que podemos nos libertar das amarras de uma vida que não é feliz, que não traz felicidade à nossa volta, que não é semeadura de tempos melhores, ressurgimos e renascemos, aptos desta forma a sermos pessoas melhores para nós e aqueles que estão a nossa volta.

Que nessa nossa Páscoa, haja uma verdadeira passagem de libertação.

Que possamos ser mais soldados do bem, que possamos ser mais bem e mais luz. Que sejamos bons homens e boas mulheres. Que sejamos pessoas livres para suas próprias escolhas e caminhos.

Em tempos de ressurreição, que nos caiba liberdade e autenticidade.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Direitos humanos para humanos direitos?


Teve uma fase, e nesse ponto eu confundo um pouco fase da vida e fase da faculdade, que eu achava bem genial essa frase: direitos humanos para humanos direitos.

Nem vou entrar no mérito do nosso sistema penal porque seria gastar unhas (?!) em vão. Que é falho, que é injusto, que é caro, que é ineficaz... sim, tudo isso e quiçá muito mais.

Daí que se tratando especialmente desse ramo, a divisão sobre o mesmo é bem simples. Basta que respondamos de que lado do muro nós estamos. Famílias vítimas de malfadados atos são descrentes da justiça. As famílias dos infratores, pasmem, também o são.

E aí, aonde estão os direitos humanos? Nem uma e nem a outra se sentirá nesse momento apoiada. Enquanto uma clama por uma segurança provinda do Estado, a outra clama pela segurança dentro do próprio Estado. É sim, vias de fato, uma discussão sem fim.

E talvez, com o tempo, com o vento e com mais um monte de socos que a gente leva da vida, e, sejamos francos, com uns afagos também, eu me tornei um pouco mais amena em relação às minhas opiniões.

Hoje eu já não mais levantaria essa bandeira. E não é moralismo de um lado ou de outro. É apenas constatação. Embora eu consiga transitar livremente entre um mundo e o outro, racionalmente e emocionalmente há sim como entender – isso, claro, para quem distingue que uma análise não é uma concordância.

Lógico que eu erro e peco e muito também. Sou tão falível quanto possa ser qualquer um de carne e osso. Mas felizmente, temos nossas particularidades. E nessas, meus caros, acho que cultivei que minha grama não é nem mais nem menos verde que a de ninguém.

E quantos dedos mesmo nos apontamos quando julgamos o outro?

Por essas e outras que não digo que direitos humanos são para humanos direitos... quem seria eu para indicar um que não direito? Ou outro que desumano?

A ferida dói. Sempre. Estando certo, estando errado. Somos sempre mais carne quando talvez devêssemos ser mais espírito. 

quinta-feira, 14 de março de 2013


Dia desses, me disseram que gostavam das coisas que eu escrevia.

E eu interpretei que não pelo conteúdo, em si, mas pela forma. Continuaram a me dizer que eu nunca impunha minha opinião de uma maneira agressiva, de forma doce eu agregava as palavras e, simples assim, construía.

Depois de um tempo, escrevendo, publicando, recebendo elogios e críticas e olhares bondosos e abraços de ternura, daquela que só o coração sabe dar, eu resolvi fechar as portas de um espaço que existe há mais tempo do que muitos imaginam. 

Não foi crise de criatividade,  não foi falta de inspiração ou birra de uma que nem lolita e nem balzaca.

Foi uma tentativa de me encaixar em algum lugar. Sair do filme para saber em que cena entrar, em que modo operar.

Daí que passamos alguns dias, ainda não sei qual é a cena e menos ainda qual o filme. O toque de retirada não foi furtivo sequer aqui: continuou sendo claridade mesmo que as folhas se vestissem cinza.

Para quem sentiu falta, digo que estou de volta.

E vou ficar, ficando. Até que os dedos permitam, até que o coração fale e até que a cabeça faça fita.

Com laços e nós e uns pontos grandes e uns pontos pequenos, costurando letras.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Ponto final.

E para encerrar também esta etapa... porque um dia tudo finda, e isso não implica em não nascer de novo...

"Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão."