Podia ter sido você. Mais do que isso talvez pudesse ter
sido eu. Eu que sempre achei que a gente escolhesse o par pela cor
que fazia vibrar o coração ou pelos percalços que causassem aos olhos. Podia ter sido então na primavera ou no calor escaldante do
verão. É que eu nunca gostei de usar casaco e o frio daqui congelava além do
que os ossos já puderam suportar. Então foi que eu achei que também isso desse
para se escolher: aquele alí do canto moço. De barba rala, de camisa clara.
Aquele moço, aquele que olha para o outro lado porque eu nunca tive preguiça de
ensinar a direção. Mesmo que sequer eu saiba usar navegador ou contar estrelas
ou pontos ou qualquer iluminação que possa significar endereço, seta ou
caminho. Me perco todas as vezes que eu pego a esquerda quando lá atrás o mapa
dizia direita. É que tem concerto não: a gente escreve com um lado e a gente
sente é com o outro. Sina de dividir. Sina de sentir, demais.
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